sábado, abril 30, 2011

Crônica: Você Pegou na Minha Mão Miduin




O que aconteceu com os desenhos animados? Você tem coragem de expor seus filhos aos desenhos animados que são exibidos atualmente? Qual a mensagem que eles passam? Violência, armas, guerras, combates, magia negra, raios cósmicos destruidores, poderes demoníacos... Os vilões de hoje não se contentam em vencer o mocinho, eles querem é a destruição da terra e até do universo...

Sem nostalgia, mas sou da época em que os desenhos tinham um aspecto lúdico, ensinavam valores éticos e morais às crianças. Existia , sim, a luta entre o bem e o mal. Mas era uma luta inocente, e o bem sempre vencia o mal... Os saudosistas, como eu, vão lembrar do refrão dos smurfs: "o bem vence o mal, espanta o temporal. O azul, o amarelo, tudo é tão belo...". Quanta poesia, quanta pureza em um simples desenho animado.

Confesso que era,e ainda sou apaixonado, por um desenho chamado Peanuts (amendoin) que aqui no Brasil era conhecido como Charlie Brown ou ainda Snoopy. Quem não se identificava com o Charlie Brown? aquele garoto careca e cabeçudo que ficou célebre pela frase "que puxa"? Quem nunca teve um momento Charlie Brown em sua vida? O nosso querido Charlie, vulgo, Miduin, não conseguia empinar suas pipas (elas sempre enroscavam nas árvores), ele nunca ganhava uma partida de beisebol, ele nuca conseguiu chutar as bolas seguradas pela Lucy e jamais teve coragem de falar com a garotinha ruiva e declarar o seu amor, ele é o ídolo de todos nós, os tímidos.

Embora com um aspecto visual infantil, o desenho Charlie Brown abordava questões existenciais complexas, porém de modo lúdico, agradável. Tanto que chegou a ser tese de doutorado em psicologia nos EUA. Já perceberam que no desenho os adultos não são vistos e sua voz é embaralhada, incompreensível? Nos faz parecer que o mundo dos adultos é desinteressante, que não vale a pena ser visto, que não tem a inocência das crianças.

As crianças da turma do Charlie representam uma série de amores não correspondidos: Patty Pimentinha ama Charlie Brown que ama a garotinha ruiva (Heather); Lucy (irmã de Linus) ama Schrooder que ama Bethoven; Sally (irmã de Charlie Brown) ama Linus que ama sua professora, ou seja, são todos amores platônicos, irrealizáveis... É ou não é um retrato fiel da realidade de muitos de nós adultos?

O Snoopy era um cachoorinho da raça beaglle e que, na verdade, era o único amigo de verdade que ele tinha, o único com quem ele realmente podia contar. Era o Snoopy que tentava fazer o Miduin esquecer da garotinha ruiva, era o Snoopy que consolava Charlie quando este sofria por seu amor não correspondido, a garotinha ruiva. Lembro-me que o Charlie Brown certa vez perguntou ao Snoopy: "Mas o amor não existe para fazer a gente feliz"?... Que pergunta filosófica, quanta sabedoria em uma pergunta de uma criança. É um desenho animado nos ensinando o valor de uma amizade e o significado do amor.

Quem esquece da Patty Pimentinha? Ela era apaixonada pelo Charlie Brown e fantasiava que era correspondida. Ela esbarrava de propósito na mão do Charlie brown e em seguida o acusava com a célebre frase: "Você pegou na minha mão Miduin" e ficava toda feliz, radiante, pelo resto do dia... É um desenho animado nos ensinando que o amor se mostra nos pequenos gestos, nas coisas simples da vida.

E a Luccy? Quantas dezenas de vezes ela enganou o Charlie Brown tirando a bola de futebol americano, justamento no momento que ele ia chutar, fazendo-o se esborrachar todo no chão?  Mas, ele sempre dava uma oportunidade a ela... É um desenho animado nos ensinando a perdoar e acreditar nas pessoas, mesmo aquelas que já nos decepcionaram...

Não é o meu caso, mas para muitos o grande herói do desenho era o Snoopy um beaggle que sofria de claustrofobia e preferia dormir em cima de sua casinha de cachorro. Ele sonhava que era o "Ás Mascarado" um super-atleta que ganhava todas as competições que disputava, que era admirado por todos, um jogador genial de beisebol. Ele vivia nesse mundo de fantasia porque na sua vida real o único amigo que ele tinha era o Woodstock um pássaro amarelo que só o Snoopy conseguia entender... Quantos de nós, adultos e crianças, não sonha em ser admirado, respeitado por todos, mas na verdade só possui um amigo, o único que consegue nos entender...

Quantas lições, quantas ilações em um desenho animado: amizade, amor, lealdade, esperança, amores platônicos, segunda chance aos que nos magoaram.... Não sei se é pelo cabeção que eu me identificava com o Miduin, ou pelas músicas de Bethoven que eu me identificava com o Schrooder, ou pelo atleta vencedor que eu me identificava com o Ás Mascarado (Snoopy), mas uma coisa ficou muito claro na minha vida...

Eu também sou apaixonado por uma garotinha ruiva... Que Puxa Miduin!!!

Um abraço de paz e luz.

Autor: Raimundo Freire.






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