Quando li o livro Cinquenta Tons de Cinza, primeiro volume da trilogia de autoria da executiva de TV e escritora, a inglesa E. L. James, fenômeno editorial em todo o mundo, achei uma grande merda porcaria, história fraca, personagens insossas , cheias de conflito, pra não dizer doentias, e uma conclusão que é o cúmulo da obviedade, sabe aqueles tipo de livro feito pra ser rapidamente consumido e facilmente esquecido?
"50 tons" pertence àquela categoria de livros de conteúdo fraco, feito para adolescentes, no estilo "saga crepúsculo", embora a autora jure de pés juntos que o livro foi feito para um público "adulto". Todavia, embora o livro seja uma ofensa à literatura mundial, alavancado pela pesada máquina publicitária, vendeu mais de que papel higiênico, o que aliás é uma sugestão para o destino do livro, tanto que me recusei a fazer um resumo desta "obra" aqui no blog a título de "sugestão de leitura", embora tenha sido publicado no Brasil pela excelente Editora Intrínseca.
Como desgraça pouca é bobagem, e aproveitando a onda mundial de transformar livros best-seller em filme, a ótima Universal Pictures resolveu levar à telona o primeiro livro da trilogia, protagonizada por Jamie Dornan (Christian Grey) e por uma atriz com o sugestivo nome de Dakokota Dakota Johnson (Anastasia Steele).
Como no Brasil o que não presta já tem 50% de chance de dar certo, o filme tem arrebanhado multidões aos cinemas, para ver aquela historinha mal intencionada que reforça o mito da "coisificação" da mulher, que leva as incautas a admitir que uma mulher pode ser tratada como um objeto, como uma coisa descartável, que é normal uma mulher ser espancada, violentada...
E ainda ouço um rebanho de rapariga jovens (algumas nem tão jovens assim) que nunca sequer leram o livro, comentar: "ah eu gostei, ele é um gato", "o filme é lindo, ele é tao rico...", "Essa Anastasia é uma mulher de sorte...", "queria um homem assim pra mim..." e outras pérolas que nem posso colocar aqui...
Amigona, pedido de amigo, queira um homem assim não!
Mas, Freire, o filme fala sobre uma história de amor. Não, mil vezes não, a história é sobre sadomasoquismo, dominação masculina, manipulação, humilhação feminina, sobre violência contra a mulher e violência, consentida ou não, não tem nada de romântico, constitui-se em abuso físico e emocional.
O filme é repleto de arquétipos bem definidos, clichês mesmo. Christian é um belo e riquíssimo homem que gosta de machucar as mulheres de forma bizarra, porque fora abusado e negligenciado na infância. Anastasia é uma jovem virgem e inocente que se encanta pelo beleza e pelo bolso de Christian (pausa para vomitar)... O filme, pra variar, consegue ser ainda pior que o livro.
Percebeu bonitona que você ta entrando numa fila enorme pra reforçar a ideia que as mulheres são interesseiras? Percebeu sua tonta que você ta pagando pra assistir a a um filme que reproduz a tese de que por dinheiro a mulher pode se deixar tratar como um lixo? como um objeto? percebeu sua pamonha que o filme faz parecer que as mulheres precisam de um homem grosseiro que mande nelas? Percebeu que Christian obriga Anastasia a assinar um contrato que a proíbe de denunciá-lo como abusador? Que ele exige que ela a chame de "Senhor"?
E eu me iludindo que uma boa parte das mulheres iam se levantar contra o filme, que as feministas iam protestar....ledo engando, a esmagadora maioria do público é feminina, como diria uma amiga minha: "um monte de solteirona mal fudida amada". Por outro lado, um outra amiga me disse assim: " a partir do momento que é consentido, não constitui abuso", tudo bem eu até entendo que pode ser uma escolha da mulher, vai ver tem gente que até goza se apanhar na cara, mas toda escolha auto-destrutiva nunca será uma boa escolha, embora concorde que cada uma faz a escolha que achar melhor pra sua vida, mesmo que depois não tenha mais um dente sequer na boca pra sorrir pra homem nenhum...
Uma Mulher (notaram o M maiúsculo?) é pra ser tratada com gentileza, com flores, com respeito, com dignidade, com um passeio de mãos dadas, com muito sexo gostoso e de qualidade, com olhares significativos, com boas atitudes, com chocolate, com carinho, com pegada sim, mas sem violência, sem desprezo...
Não Sr. Grey, não se trata uma mulher com chibata... A não ser que o Sr. seja nordestino, porque aqui no nordeste chibata significa outra coisa...
Raimundo Salgado Freire Júnior.
Autorizo a reprodução do total ou parcial do texto, desde que citado o autor e o site.
ResponderExcluirExcelente comentário. E teve amiga que ficou zangada comigo quando disse que esse livro era um "Julia-Sabrina-Bianca" piorado.
ResponderExcluirCoisa de adolescente. Nannnnn....
P.s.: RI muito do "chibata" . :)
Bjs meu amigo.
Ed
Desmancho-me em gargalhadas só de imaginar você sorrindo...kkkkkkk.
ExcluirÉ sempre muito gratificante receber sua visita por aqui, volte sempre e muito minha amiga.
Bjssss.
Nao li o livto e nem assisti o filme. Mas os comentarios que ouvi foram suficientes para questionar-me se os homens querem assumir esse mesmo papel apresentado nessa trilogia...!? Na minha concepcao nao se bate em nos mulheres nem com uma rosa, pois o verdadeiro amor nao faz vc adoecer. Mas sim um amor que te contempla a cada amanhecer.
ResponderExcluirObrigado por sua visita ao blog Aryanna Silva, volte sempre e muito!
ExcluirPerfeito cara! 👏👏👏👏👏
ResponderExcluirObrigado por sua visita Carlos Lago!
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